
Cristina Branco é uma das mais importantes artistas portuguesas das últimas décadas, somando 17 discos editados e inúmeros concertos dados por todo o mundo em quase 25 anos de carreira. O seu mais recente trabalho, Eva (2020) tem conquistado o público e a crítica e confirmado Cristina como uma das mais versáteis intérpretes do panorama musical português.
Inicia o seu percurso na Holanda, onde grava Cristina Branco in Holland (Live) (1997), álbum que acaba por transformar-se num verdadeiro sucesso naquele país. Nos anos seguintes o nome de Cristina ressoa por toda a Europa, com datas esgotadas em inúmeras salas e cidades e vários discos editados, na sua maioria em parceria com Custódio Castelo. Murmúrios (1998) e Post-Scriptum (2000) reforçam o sucesso do seu primeiro trabalho, e Cristina é galardoada com dois Prix Choc, os prestigiados prémios da revista francesa Le Monde de La Musique.
Não obstante o sucesso fora de portas, é apenas no virar do milénio, com Corpo Iluminado (2001), O Descobridor (2002) disco que chega a dupla platina, Sensus (2003) e Ulisses (2005), que Cristina Branco começa finalmente a ser descoberta e aclamada pelo público e imprensa portugueses. As comparações com Amália Rodrigues são inevitáveis. Seguem-se Abril (2007), um álbum com versões de músicas de José Afonso, Kronos (2009) e Não há só Tangos em Paris (2011), o seu décimo álbum de estúdio, que conta com a colaboração com autores e compositores como Mário Laginha, Carlos Tê e Pedro da Silva Martins. O disco mostra os primeiros indícios de que a música de Cristina poderia ter uma outra roupagem e prenuncia a fase de rejuvenescimento artístico que chegaria alguns anos mais tarde com Menina.
Considerado o Melhor Disco do Ano pela SPA, Menina (2016), é o primeiro capítulo de uma trilogia onde se incluem os joviais e caleidoscópicos Branco (2018) e Eva (2020). Nestes, Cristina desenha colaborações inusitadas, que atravessam estilos, culturas e geografias e que resultam em interpretações inovadoras e espontâneas da expressão musical tradicional do fado.
Eva é um disco imprevisível e rico em filigranas que nos revelam a intimidade e profundidade de Cristina. O disco surge sobre a forma de uma questão: “o que é para mim a liberdade?”. Encontramos a resposta no diário de Eva Haussman, um alter-ego da cantora. Eva personifica a liberdade que Cristina persegue. Através da firmeza delicada da voz de Cristina Branco, abrimos as portas a este que é o trabalho mais pessoal e intimista da cantora.
Hoje, prestes a celebrar 25 anos de carreira, Cristina Branco mostra-se exatamente como é, verdadeira, livre e genuína. O fado estará sempre presente. Cristina trá-lo nos sentidos.